Você está na estrada, olha à sua frente. O horizonte se aproxima velozmente. Perguntas surgem como companheiras de viagem. Em todo o andar há um objetivo, nem sempre muito claro. Já me surpreendi, mais de uma vez, tentando entender o porquê de certas perguntas se tornarem parceiras em meu andar, sentadas ao lado. Quando sozinho elas estão ainda mais à vontade e se tornam mais insistentes na busca de respostas.
É interessante notar que há perguntas que teimam em ser presença e há respostas que teimam em ser ausentes, deixando de cumprir a sua missão.
Não há quem não tenha se questionado, em várias ocasiões, sobre o porquê de as coisas acontecerem de jeito tão imprevisível, logo para nós que prezamos tanto sermos racionais e, por isso, capazes de avaliações e decisões consentâneas com o mundo e com o tempo em que vivemos.
O futuro aparentemente não poderia ser tão cheio de surpresas, já que nos julgamos competentes para planejar nosso comportamento além do presente. A prática não funciona assim. A realidade nos dribla com facilidade surpreendente, levando-nos a passos imprevisíveis.
Todos, ao sonhar com uma vida que valha a pena, ao repensá-la, buscamos caminhos que levam a objetivos desejados ou ambicionados. Mas, na realidade, nem sempre a razão se entende com os sentimentos, as emoções nem sempre conversam com o real do dia a dia. Por isso e por muito mais o nosso comportamento diário, mesmo desejando ser racional, frequentemente é dominado pela força dos sentimentos.
Olhamos no espelho e nos perguntamos: afinal, por que somos assim, por que muitas vezes olhamos para a frente, mas o olhar não nos obedece?
Dominar o presente, prever um futuro possível, caminhar na sua direção com o corpo e com a alma, eis o desafio maior do ser humano. Crianças, o que importa é o presente. Adolescentes, nos conflitos sonham com o futuro. Adultos, o passado marca comportamentos atuais, o racional ganha relevância, os sentimentos tomam conta de muitas decisões.
Repensar a vida, redirecioná-la, refazer passos. O que é ser normal para os humanos? Há quem entenda que nada disso importa para a vida, mas, sim, a consciência de que viver é descobrir o que o universo nos reserva para conquistar a felicidade. Nem muito mais, nem muito menos. Apenas o suficiente para andar, sonhando com uma vida que vale a pena viver. Ou seja, vale a pena saborear cada dia com a alegria e o gozo que temos ao comer um pêssego maduro.
Texto: Máximo Trevisan
Advogado e escritor